quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

AMAR

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor à procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.
(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

MEU TESTAMENTO

Quando minha hora chegar,não tentem ampliar minha vida com máquinas ou meios artificiais. Ao invés disso,dêem minha visão a um homem que nunca viu o pôr-do-sol,o sorriso de uma criança ou o amor nos olhos de uma mulher. Dêem meu coração a alguém cujo próprio lhe tenha causado só dor e sofrimento. Dêem meus rins a alguém que depende de uma máquina para continuar vivo. Peguem meu sangue,meus ossos,cada músculo e nervo de meu corpo e achem uma forma de fazer uma criança paralítica andar. Pesquisem cada canto do meu cérebro. Peguem minhas células se necessário e deixem-nas crescer,para que um dia,um menino mudo tenha condições de gritar assim que seu time marcar um gol e uma menina surda possa ouvir o som da chuva bater em sua janela. Queimem o que restar de mim e espalhem minhas cinzas ao vento para ajudar as flores a crescer. Se vocês quiserem realmente enterrar alguma coisa de mim,que sejam minhas falhas e o meu preconceito contra os meus semelhantes. Dêem meus pecados ao Diabo. Dêem minha alma a Deus. Se vocês desejam lembra-se de mim façam isso através de uma palavra a quem precise ou uma boa ação a um necessitado. Se vocês fizerem tudo o que eu peço aí então eu viverei para sempre.
( AUTOR DESCONHECIDO)

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A PESSOA ERRADA

Pensando bem, Em tudo o que a gente vê e vivencia E ouve e pensa, Não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa Que.se você for parar pra pensar É,na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa Faz tudo certinho. Chega na hora certa, Fala as coisas certas, Faz as coisas certas, Mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas. Aí é hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errrada te faz perder a cabeça, Fazer loucuras, Perder a hora, Morrer de amor. A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, Que é pra na hora qur vocês se encontrarem A entrega ser muito mais verdadeira. A pessoa errada é,na verdade,aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai te fazer chorar, Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas. Essa pessoa vai tirar seu sono, Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível. Essa pessoa talvez te magoe E depois te encha de mimos pedindo teu perdão. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, Mas vai estar 100% da vida dela esperando você, Vai estar o tempo todo pensando em você. A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, Porque a vida não é certa. Nada aqui é certo. O que é certo mesmo é que temos que viver Cada momento, Cada segundo, Amando,sorrindo,chorando,emocianando,pensando,agindo,querendo, conseguindo. E só assim É possível chegar aquele momento do dia Em que a gente diz: 'Graças a Deus deu tudo certo.' Quando,na verdade, Tudo o que Ele quer É que a gente encontre a pessoa errada, Pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente... ' Não temas desistir do bom para buscar o melhor.'
(AUTOR DESCONHECIDO)

domingo, 21 de setembro de 2008

INSTANTES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito,relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade,bem poucas pessoas me levariam a sério. Seria menos higiênico.Correria mais riscos, viajaria mais,contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas,nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários. Eu fui uma dessa pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas,se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque,se não sabem,disso é feito a vida: só de momentos - não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro,uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver,viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse iutra vez uma vida pela frente. Mas,já viram,tenho 85 anos e sei que estou morrendo.
(Don Herold)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

SONETO DE DEVOÇÃO

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! – uma cadela
Talvez... – mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
Rio de Janeiro, 1938
(VINICIUS DE MORAES in : Livro de sonetos)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

NÃO TE AMO MAIS

(para ser lido descendo ou subindo)
Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto,mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
(AUTOR DESCONHECIDO)

domingo, 14 de setembro de 2008

SOLIDÃO

Solidão não é a falta de gente para conversar,namorar,passear ou fazer sexo ... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar ... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe,às vezes,para realinhar os pensamentos ... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida ... Isto é princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado ... Isto é circunstância .
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
(AUTOR DESCONHECIDO)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Amor é prosa, sexo é poesia

SÁBADO, FUI ANDAR na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon. Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas. – Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes ? – questiona a outra. – Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo... Uma delas (solteira e lírica) me diz: – Sexo e amor são a mesma coisa... – A outra (casada e prática) retruca: – Não são a mesma coisa não... Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias se trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais "sutis" defendem o amor, como algo "superior". Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa. O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre sem tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão a posteriori pelos prazeres do sexo. O amor vem depois. O sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento. No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições; não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. Sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em "doação". Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio ou veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas. Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença , do "outro"; o sexo, no mínimo, precisa de uma "mãozinha". Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mais sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não -é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes é uma masturbação. Sexo, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval. Não somos vítimas do amor; só do sexo. "O sexo é uma selva de epilépticos" ou "0 amor, se não for eterno, não era amor" (Nelson Rodrigues) .o amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. 0 sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. 0 amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. 0 sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: "Faça amor não faça a guerra." Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provençais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção; sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controlá-lo é programá-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias. Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordeI, finge-se um "amorzinho" para iniciar. O amor está virando um hors-d'oeuvre para o sexo. Amor busca uma certa "grandeza". O sexo sonha com as partes baixas. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade. Com camisinha, há sexo seguro, mas não há camisinha para o amor. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. "O grande amor só se sente no ciúme" (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda ( ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.
(ARNALDO JABOR )

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Meu avô foi um belo retrato do malandro carioca

ESTE TEXTO É sobre ninguém. Meu avô não foi ninguém. No entanto, que grande homem ele foi para mim. Meu pai era severo e triste, mal o via, chegava de aviões de guerra e nem me olhava. Meu avô, não. Me pegava pela mão e me levava para o Jockey, para ver os cavalinhos. Foi uma figura masculina carinhosa em minha vida. Se não fosse ele, talvez eu estivesse hoje cantando boleros no Crazy Love, com o codinome Neide Suely. Meu avô, Arnaldo Hess, foi um belo retrato do Brasil dos anos 40/50. Era um malandro carioca – em volta dele, gravitavam o botequim, a gravata com alfinete de pérola, o sapato bicolor, o cabelo com Gumex, o chapéu-palheta, o relógio de corrente, seu Patek Phillipe tão invejado, em volta dele ressoava a língua carioca mais pura e linda, com velhas gírias [Essa matula do Flamengo é turuna(forte)..] Meu avô era orgulhoso de viver nesta cidade baldia e amada, o Rio que soava nos discos de 78 rpm, nas ondas do rádio, o Rio precário e poético, dos esfomeados malandros da Lapa, das mulheres sem malho e de seus sofrimentos românticos, entre varizes e celulite. Antes de morrer, ele me olhou, já meio lelé, e disse a frase mais linda: "É chato morrer, seu Arnaldinho, porque eu nunca mais vou à avenida Rio Branco" . Ali, onde ele me levava para tomar refresco na Casa Simpatia, era o centro de seu mundo. Os políticos canalhas populistas que estão hoje aí querem a volta do passado apenas pelo lado "sujo" do atraso. Mas havia também uma poética do atraso – na Lapa, no Mangue, havia um Rio que, com poucas migalhas, fabricava uma urbanidade pobre, bela e democrática. Ele também me dava aulas de sexo. Contou-me uma vez que a melhor mulher que ele teve na vida tinha sido uma "João". Que era "João"? Esse termo, ainda escravista, designava as pretinhas tão pretinhas que tinham o pixaim da cabeça ralo, quase carecas. Eram as "João". Pois ele me disse: "Foi no terreno baldio, ali na General Belfort... foi o melhor nick fostene que eu tive..." (Inventara esse nome de falso inglês de cinema americano para designar a cópula, sendo a palavra acompanhada pelo gesto vaivém de bomba de "Flit": Nick Fostene...) Contava isso a um menino de dez anos, a quem ele dava cigarros e ensinava ( a mim e ao Cláudio Acylino, meu primo) apegar bonde no estribo, andando. Me apresentou sua amante, uma mulher ruiva chamada Celeste, que me beijava trêmula e carente como uma avó postiça e que, sendo de "boa família" ( ele me falava disso com uma ponta de orgulho), "nunca se metera em sua vida familiar oficial". Isso ele dizia com os olhos machistas molhados de gratidão. Ou seja, ele me ensinava tudo errado e com isso me salvou. Quase analfabeto, vivera grudado com a turma dos intelectuais da Colombo, babando com os trocadilhos de Emilio de Menezes, Olavo Bilac, Agripino Grieco nos anos 20, o que lhe deu um fascinado amor às letras que não lia, mas que o fez trazer-me sempre um livro novo, da Rio Branco, junto com a goiabada cascão e o catupiry. Uma vez, já mais tarde, eu namorava uma moça lindíssima e virgem (claro) mas burrinha. Reclamei com ele. Resposta: "Ah, é burrinha ? Você quer inteligência ? Então vai namorar o Santiago Dantas! " Quando fomos aos sinistros rendez-vous, de onde nos floresceram as primeiras gonorréias, nossos pais severos bronquearam: "Vocês são uns porcos! " Já nosso vovô riu, sacaneando: "Poxa... boas mulheres, hein... ? " Vovô nos ensinava a conversar com as pessoas, olho no olho. Na minha família de classe média, celebravam-se as meias-palavras, o fingimento de uma elegância falsa, de uma finesse irreal. Só meu avô falava com os vagabundos da rua, com os botequineiros, com os mata-mosquitos. Enquanto minha família toda votava histericamente na UDN, em pleno delírio golpista, meu avô pegou o chapéu, e foi votar. Eu fui atrás dele... "Votar em quem?" "No Getúlio, seu Arnaldinho... ele gosta do povo e eu sou povo." "E eu sou 'povo' também, vovô?", perguntei. Ele riu: "Você não; você tem velocípede..." Ele me levava ao Maracanã, ele me levava em seu ombro para ver a estrela de néon da cervejaria Black Princess ( até hoje me brilha esta supernova na alma), ele, uma vez, deixou-me ver um morto na calçada, navalhado no peito ( "Parecia a fita do Vasco da Gama", ele disse) – não me escondeu a tragédia. Me ensinou tudo errado e me salvou... Meu avô adorava a vida e usava sempre: o adjetivo "esplêndido", tão lindo e estrelado. A laranja chupada na feira estava "esplêndida", a jabuticaba, a manga‑carlotinha, tudo era "esplêndido" para ele, pobrezinho, que nunca viu nada; sua única viagem foi de trem a Curitiba, de onde trouxe mudas de pinheiros. "Esplêndidas..." No fim da vida, já gagá, eu o levava ao Jockey para ele conversar com o Ernani de Freitas, o amigo tratador de cavalos, que lhe dava um carinho condescendente com sua gagazice, falando de cavalos que já haviam morrido. "Hoje corre a Tirolesa ou a Garbosa ? ", perguntava. "A Tiroleza está machucada, Arnaldo..." Velho gagá, deu para dizer coisas profundíssimas. Uma vez, já nos anos 70, celebrei para ele as maravilhas lisérgicas do LSD que eu tomara. Ele me ouviu falar em "delírio de cores", "lucy in the skies" e comentou: "Cuidado, Arnaldinho, pois nada é só bom..." Outra vez, vendo passar um super-ripongão sujo, "bicho-grilo brabo", comentou: "Olha lá. Um sujeito fingindo de mendigo para esconder que realmente é... ! Há dois anos, na exumação de um parente, o coveiro colocou várias caixas de ossos em cima do túmulo. Numa delas, estava escrito a giz: "Arnaldo Hess". Não resisti e levantei de leve a tampa de zinco. Estavam lá os ossos de vovô. Vi um fêmur, tíbias, que eu toquei com a mão. Vocês não imaginam a infinita alegria de, por segundos, encostar em meu avô querido. Eu estava com ele de novo em 1952, sob o céu azul do Rio. Meu avô não era ninguém. Mas nunca houve ninguém como ele.
( ARNALDO JABOR in : Amor é prosa sexo é poesia)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra, 09.1938
( VINICIUS DE MORAES)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Estoril - Portugal, 10.1939
(VINICIUS DE MORAES)

terça-feira, 4 de março de 2008

À BUNDA

Olha, desta vez você passou das medidas. Só não boto você para fora, agora, porque é a sua cara dar escândalo. Estou cheia de você atrás de mim o tempo todo. Fica se fazendo de fofa, enquanto, pelas minhas costas, chama a atenção de todo mundo para meus defeitos.Você está redondamente enganada se pensa que eu vou me rebaixar ao seu nível – o que vem de baixo não me atinge. Mas faço questão de desancar essa sua pose empinada.Por que nuncaencara as coisas de frente?Fica parecendo quetem algo a esconder. Poracaso, faz algumacoisa que ninguémpode saber? Você é, e sempre foi, um peso na minha existência – cada papel que me fez passar... Diz-se sensível e profunda, mas está sempre voltada para aquilo que já aconteceu. Tenho vergonha de apresentar você às pessoas, sabia?Por que você nunca encara as coisas de frente, bunda? Fica parecendo que, no fundo, tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber? O que há por trás de todo esse silêncio?Você diz que está dividida e que eu preciso ver os dois lados da questão. Ora, seja mais firme, deixe de balançar nas suas posições.Longe de mim querer me meter na sua vida privada, mas a impressão que dá é que você não se enxerga. Porque está longe de ter nascido virada para a lua e costuma se comportar como se fosse o centro das atenções.Bunda, você mora de fundos, num lugar abafado. Nunca sai para dar uma volta, nunca toma um sol, nunca respira um ar puro. Vive enfurnada, sem o mínimo contato com a natureza. O máximo que se permite é aparecer numa praia de vez em quando, toda branquela.Não é de admirar que esteja sempre por baixo. Tentei levar você para fazer ginástica, querendo deixar você mais para cima, mas fingiu que não escutou.Saiba que você não é mais aquela, diria até que anda meio caída. E vai ter que rebolar para mexer comigo, de novo, da maneira que mexia.Lembro do tempo em que eu, desbundada, sonhava em ter um pouquinho mais de você. Agora, acho que o que temos já está de bom tamanho. E, pensando bem, é melhor pararmos por aqui antes que uma de nós acabe machucada.Sei que qualquer coisinha deixa você balançada, então não vou expor suas duas faces em público. Mas fique sabendo que, se você aparecer, constrangendo-me diante de outras pessoas, levarei seu caso ao doutor Albuquerque*.Lamento, isso dói mais em mim do que em você, mas você merece o chute que estou lhe dando. Duplamente decepcionada, * A colunista refere-se ao cirurgião plástico Pedro Albuquerque, de São Paulo
(FERNANDA YOUNG)

AO ÓRGÃO RESPONSÁVEL

Caro PênisTenho notado você olhando torto para mim. Às vezes, basta eu chegar e você se levanta. Por acaso, você tem algum problema pendente comigo?O fato de nós estarmos em lados opostos não nos faz inimigos. Ao contrário, guardo um espaço especial para você, dentro de mim, e seria ótimo se pudéssemos nos unir em prol de algumas novas conquistas. Os atritos, como em qualquer relação, são normais e bem-vindos.Você me acusa de ser difícil, mas não conheço personalidade mais instável que a sua. Quando eu quero conversar, você se recolhe. Quando canso de tentar, você se anima. Quando finalmente penso entender aonde você quer chegar, você se coloca numa posição diferente.Sei que a vida talvez lhe pareça mais dura, já que é de você que são cobrados rendimento e desempenho. Mas o mundo não gira em torno da sua existência como você pensa. Diria até que, nas horas mais tensas, você sempre dá um jeito de ficar de fora. Até no momento em que sua participação se faz mais necessária, a continuidade da espécie, você se limita a entrar com metade da matéria-prima e deixa o resto para lá.Dizem que eu tenho inveja de você - mas inveja de quê, afinal? Você, desculpe, está longe de ser bonito. Trabalha num ramo de atividade sem o mínimo charme: a remoção de detritos. Mora num lugar abafado, onde o sol nunca bate. Freqüenta locais escusos, de reputação duvidosa, em busca de um tipo de divertimento que já se encontra à mão, em sua própria casa. E aquele seu melhor amigo, convenhamos, é um saco.Mesmo assim, quero frisar, tenho por você imensa consideração e simpatia. Mais que isso - sempre busquei a sua aprovação de alguma forma, atrás de sinais de que estaria lhe agradando. Você, por sua vez, nem sequer disfarça seu completo egocentrismo. Fazendo-se de sonso e sumindo após satisfazer as suas necessidades.Você se diz sensível, porém jamais se preocupa com o que o outro está sentindo. Quer apenas ocupar o seu espaço e atingir as suas mesmas velhas metas de crescimento. Deveria tentar aumentar suas expectativas, ampliar seus horizontes, investir na sua cultura. Qual foi a última vez que você viu um filme decente?Sei que dificilmente vou conseguir abalar sua enorme auto-estima, mas, sob o meu ponto de vista, você não passa de um solitário, perdido em sonhos impossíveis e cercado por uma situação bastante enrolada. Acha-se o máximo, superextrovertido e revela-se um bobo alegre com pinta de seboso. Um cabisbaixo baixinho carente, o tempo todo em busca de qualquer carinho.Disponho-me a ajudá-lo, colega, caso você reconheça seus defeitos e fraquezas. Posso até te indicar um bom analista. Somente recuso-me a continuar a ser cúmplice na perpetuação de um equívoco.Você não é melhor que ninguém, temos o mesmo tamanho nesta história - de fato, se você cabe em mim, sou necessariamente maior do que você.
(FERNANDA YOUNG)

AO SONO

Ontem, mais uma vez, esperei horas e você não veio. Hoje, passei a manhã inteira irritada por causa disso. Aí, você me chega depois do almoço, sem a menor explicação, como se isso fosse normal. Eu cheia de coisas para fazer e você querendo me levar para tomar um café. Está querendo acabar comigo, é isso?Uma amiga minha me abriu os olhos: nós dois estamos vivendo uma relação doentia. Eu estou me sujeitando aos seus horários e você está desrespeitando os limites. Não é porque eu vou para a cama com você que eu deixei de chefiar o órgão onde você exerce a sua função.Você tem faltado muito e estou cansada disso. Quando não falta, demora para chegar e vem disperso, agitado, não ajudando em nada. Eu preciso de você tranqüilo, cumprindo seu dever, todos os dias, oito horas por dia, igual a todo mundo. Ou não posso garantir o bom funcionamento da nossa unidade.Sono, sinceramente, qualquer probleminha que surge, você some. Tudo serve de desculpa para você não aparecer: uma conta para pagar, uma viagem de negócios, um caso de doença na família. Por mais que eu não queira te prejudicar, não posso agüentar um sono assim, tão inconstante.A partir desta noite, não quero mais nenhuma irregularidade sua. Não estou exigindo que você seja perfeito, mas, na próxima vez que eu tiver de remediar alguma ausência de sua parte, vou tomar medidas extremamente fortes. E não me importam as reações. Desejo uma convivência leve e sadia entre nós, mas prefiro ter você sempre pesado do que sofrer as conseqüências da atual situação.Não posso entender por que você mudou tanto. Lembro das agradáveis noites que passamos juntos - você eventualmente profundo, muitas vezes superficial, mas sempre presente em minha vida. Mesmo durante o dia, você dava um jeito de estar ao meu lado quando eu ficava deprimida, de cuidar de mim quando eu ficava com febre, de aliviar meu stress quando eu trabalhava demais.Agora, quase nunca posso contar com você. Você só aparece quando bem quer e quando eu menos preciso: num cinema, numa festa, num restaurante. Sua presença, antes tão gratificante, ultimamente só serve para me atrapalhar. Você jamais consegue estar comigo nas horas importantes, tem sempre algo complicado impedindo-o de chegar; mas sei de outras mulheres que dormem com você sem a menor dificuldade. Liguei para uma colega minha, noite dessas, para reclamar de mais uma das suas fugidas, e ela teve o desplante de dizer que não podia falar comigo porque estava na cama com você.Enfim, estou com olheiras, e é por sua culpa. Mas sei que necessito dos seus serviços, então lhe dou este ultimato. Ou você toma jeito e volta a me deixar em paz ou você afunda junto comigo.Atenciosamente.
(FERNANDA YOUNG)

domingo, 10 de fevereiro de 2008

QUADRILHA

João que amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém
João foi pra os Estados Unidos,
Teresa para o convento
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J.Pinto Fernandes
que não tinha entrado
na história.
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda,que me entristece,que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,quem quase passou ainda estuda,quem quase morreu está vivo,quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,nas chances que se perdem por medo,nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me,às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna;ou melhor,não me pergunto,contesto.A resposta eu sei dar de cor:está estampada na distância e frieza dos sorrisos,na frouxidão dos abraços,na indiferença dos 'Bom-dias',quase que sussurrados.Sobra covardia e falta de coragem até pra ser feliz.
A paixão queima,o amor enlouquece,o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,sentir o nada.Mas não são.Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,o mar não teria ondas,os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina,não inspira,não aflige nem acalma,apenas amplia o vazio que cada uma traz dentro de si.
Não é que a fé mova montanhas,nem que todas as estrelas estejam ao alcance.Para as coisas que não podem se mudadas,resta-nos somente paciência;porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão;pros fracos,chance;pros amores impossíveis,tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque,que a rotina acomode,que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.Gaste mais horas realizando que sonhando,fazendo que planejando,vivendo que esperando,porque,embora quem quase morre estaja vivo,quem quase vive já morreu.
(Sara Westphal)

Por que no Brasil não há terrorismo

Documentos mantidos em sigilo pela Polícia Federal revelam que a Al Qaeda,organização terrorista de Osama Bin Laden,ordenou a execução de atentado no Brasil.O alvo da ação seria a estátua do Cristo Redentor,localizada no alto do morro do Corcovado e um dos símbolos mais conhecidos do Rio de Janeiro,tanto no Brasil quanto no exterior.
De acordo com informações obtidas em Brasília,a ordem de Bin Laden decorreu do ódio que o saudita nutre por festas monumentais,como o carnaval carioca,para ele 'um símbolo da globalização da sem-vergonhice'.Demolidor de ídolos e iconoclasta como os talibãs que explodiram estátuas de Buda no Afeganistão,ele destacou dois mujahedins para seqüestro e uso de avião,que seria lançado contra a estátua,a seu ver 'símbolo dos infiéis'.
Os registros da Polícia Federal dão conta que os dois terroristas chegaram ao Aeroporto Internacional Tom Jobim em 22 de setembro,domingo,às 21:47h,no vôo da Air Canadá procedente de Montreal,com escala em Miami.A missão começou a sofrer embaraços já no desembarque,quando a bagagem dos mulçumanos foi extraviada.Após quase seis horas de peregrinação por diversos guichês e dificuldade de comunicação em virtude do inglês fortemente marcado por sotaque árabe,os dois saíram do aeroporto,aconselhados por funcionários da Infraero a voltar no dia seguinte,com intérprete.
A Polícia Federal investiga a possibilidade de eles terem apanhado um táxi pirata na saída do aeroporto,pois o motorista percebeu que eram estrangeiros e rodou uma hora e meia,dando voltas com eles pela cidade,até abandoná-los em lugar ermo na Baixada Fluminense.No trajeto,ele parou o carro e três cúmplices os assaltaram e espancaram.Eles conseguiram ficar com alguns dólares que tinham escondidos em cintos próprios para transportar dinheiro e pegaram carona num caminhão que entregava gás.
Na segunda-feira,às 7:33h,graças ao treinamento de guerrilha que receberam nas cavernas do Afeganistão e nos campos minados da Somália,os dois terroristas conseguiram chegar a um hotel de Copacabana.Alugaram um carro na Hertz e voltaram ao aeroporto,determinados a seqüestrar logo um avião e jogá-lo bem no meio dos braços abertos do Cristo Redentor.Enfrentaram um congestionamento monstro por causa de uma manifestação de estudantes e professores em greve e ficaram três horas parados na avenida Brasil,na altura de Manguinhos,onde seus relógios foram roubados em um arrastão.
Às 12:30h,resolveram ir para o Centro da cidade e procuraram uma casa de câmbio para trocar o pouco que sobrou de dólares.Receberam notas de cem reais falsas.Por fim,às 15:45h chegaram ao Tom Jobim para praticar o seqüestro.Os pilotos da Varig estão em greve por mais sálario e menos horas de trabalho.Os controladores de vôo também pararam (querem equiparação com os pilotos).O único avião na pista é da Vasp,mas está sem combustível.Foi fretado pela Soletur.Aeroviários e passageiros estão acantonados na sala de espera e nos corredores do aeroporto,tocando pagode e gritando slogans contra o governo.O Batalhão de Choque da PM chega batendo em todos,inclusive nos terroristas.
Os árabes são conduzidos à delegacia da Polícia Federal no aeroporto,acusados de tráfico de drogas,em face de flagrante forjado pelos policiais,que plantaram papelotes de cocaína nos bolsos dos dois.Às 18 horas,aproveitando o resgate de presos feito por um esquadrão de bandidos do Comando Vermelho,eles conseguem fugir da delegacia em meio à confusão e ao tiroteio.às 19:05h,os mulçumanos,ainda ensangüentados,se dirigem ao balcão da Vasp para comprar passagens.Mas o funcionário que lhes vende os bilhetes omite a informação de que os vôos da companhia estão suspensos por tempo indeterminado.Eles,então,discutem entre si:começam a ficar em dúvida se destruir o Rio de Janeiro,no fim das contas,é um ato terrorista ou uma obra de caridade.
Às 23:30h,sujos,doloridos e mortos de fome,decidem comer alguma coisa no restaurante do aeroporto.Pedem sanduíches de churrasco com queijo e limonadas.Só na terça-feira,às 4:35h,conseguem se recuperar da intoxicação alimentar de proporções eqüinas,decorrente da ingestão de carne estragada usada nos sanduíches.Eles foram levados para o Hospital Miguel Couto,depois de terem esperado três horas para que o socorro chegasse e percorresse diversos hospitais da rede pública até encontrar vaga.No HMC,foram atendidos por uma enfermeira feia e mal-humorada.
Eles teriam de esperar dois dias para serem examinados,se não fosse pelo cólera causado pela limonada feita com água contaminada por coliforme fecal.Debilitados,só terão alta hospitalar no domingo.
Domingo.18:20h:os homens de Bin Laden saem do hospital e chegam perto do estádio do Maracanã.O Vasco acabara de perder para o Bangu,por 6x0.A torcida cruzmaltina confunde os terroristas com integrantes da galera adversária e lhes dá uma surra sem precedentes.O chefe da torcida é um tal de Pé de Mesa,que abusa sexualmente deles.Às 19:45h,finalmente,são deixados em paz,com dores terríveis pelo corpo,em especial na área mais delicada.Ao verem uma barraca de venda de bebidas nas proximidades,decidem se embriagar uma vez na vida,mesmo que seja pecado.Tomam cachaça adulterada com metanol e precisam voltar ao Miguel Couto.
Segunda-feira,23:42h:os dois terroristas fogem do Rio escondidos na traseira de uma caminhão de eletrodomésticos,assaltado horas depois na Serra das Araras.Desnorteados,famintos,sem poder andar e sentar,eles são levados pela van de uma ONG ligada a direitos humanos para São Paulo.Viajam deitados de lado.
Na capital,perambulam o dia todo à cata de comida e por volta das 20 horas acabam adormecendo debaixo da marquise de uma loja na rua Aurora,Centro.A Polícia Federal não revelou o hospital onde os dois foram internados em estado grave,depois de espancados quase até a morte por um grupo de mata-mendigos...
(Autor Desconhecido)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Ainda que mal
¨ Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insita,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor. ¨
(Carlos Drummond de Andrade)